RandriamaheninaJean-Théodore

 TESTEMUNHO DO P. THEO NO ENCONTRO PROVINCIAL 31.12.2013

            Agradeço de coração ao P.Franz e seu Conselho pela confiança em mim depositada. Alegro-me por estar com vocês, e poder partilhar estas modestas experiências, como religioso-sacerdote, vivendo na Provincia saletina da França.

            No programa recebido consta o nome do P.Gilbert, como co-participante comigo deste momento. Como malgaxe, do que me ufano, respeito muito os idosos, sejam quem forem. Ao P. Gilbert devo muito reconhecimento, pois foi ele quem me encaminhou para a escola Apostólica de Antsahasoa, em outubro de 1989. Eu tinha então 14 anos, e ele era Pároco da Paróquia de minha terra natal, Faratsiho. Essa Paróquia, fundada pelos missionários saletinos franceses é agora atendida pelos MS malgaxes. É assim fácil entender como e porque surgiu, desde pequeno, minha vocação. A Salette corre na minhas veias, integra meu DNA. Emiti meus primeiros votos no dia 19 de setembro de 1996, no fac-simile de Antsahasoa. Participei do PPP em 2002, e fiz meus votos perpétuos no mesmo ano, no dia 19 de setembro. Depois de minha ordenação sacerdotal, em 29 de julho de 2006, na catedral de Nossa Senhora da Salette em Antsirabe, fui nomeado ecônomo do Escolasticado e Vigário paroquial da paróquia de Fenomanana, em Tananarivo, até 03 de outubro de 2010, dia de minha chegada a Nossa Senhora do Chêne na diocese Besançon.

            Com frequência, as pessoas me perguntam: Por que está aqui? Há sacerdotes sobrando em Madagascar?

            As perguntas são complexas, mas fáceis de responder. Quanto à primeira: Os Padres Montfortianos, atenderam o Santuário de Nossa Senhora do Chêne durante 90 anos e não puderam dar continuidade e a obra ficou em abandono, a partir de 2006. Em 2007, nosso Provincial atendeu ao pedido do bispo da Diocese, e instalou no Santuário uma comunidade de Missionários de N. Sra. da Salette. Agora, a vida do santuário está bem animada. Quanto à segunda pergunta: não há padres sobrando em Madagascar, mas aqui faltam. É bem verdade que em Madagascar eles aumentam em numero clero jovem, mas ainda não é suficiente. Aqui eles são cada vez mais idosos e menos numerosos. Não conto os mortos (não condiz com a mentalidade malgaxe), mas depois três anos de minha presença na Diocese de Besançon, que é a que melhor conheço, houve muitos enterros de clérigos, mas um só nascimento. e uma única ordenação sacerdotal, por sinal de um saletino malgaxe, em 26 de junho de 2011. Estamos orgulhosos. O fato de vir para a França, não é uma troca de favores, como se costuma dizer, mas uma resposta a um chamado e dom gratuito... Os missionários saletinos evangelizaram a grande Ilha. Hoje ainda restam alguns...       

Vive-se a animação espiritual do Santuário primeiramente, nas e pelas celebrações diárias. Não estou sozinho nessas tarefas. Toda a Comunidade está comprometida. A cada um é atribuída alternadamente, a pregação, e estamos todos juntos para a celebração diária da Eucaristia depois de Laudes ou Vésperas. Pessoas de fora também participam de cada celebração. Nos domingos, todos os domingos, temos duas celebrações da Eucaristia, de manhã e à noite. Muitos moradores da região e também pessoas de passagem, participam da celebração. Durante o ano, acontecem 6 peregrinações, vindas de lugares diferentes.

            As atividades pastorais nas diferentes Unidades pastorais de nosso Decanato, também nos ocupam. No Chêne, não sobra tempo para o tédio. Acontece que, aos domingos, celebrarmos duas ou três missas cada um. Celebrar a missa é indispensável, mas não é tudo.

            Sou padre a serviço (os outros também): nem pároco, nem vigário paroquial, nem coadjutor. Estar a serviço? Que significa? Todo padre está a serviço porque é e permanecerá diácono permanente. Estar a serviço é estar disponível. Para que não haja nossa Diocese refletiu-se sobre padres “vindos de fora” (assim somos chamados) Cito (Eglise de Besançon, revista bi-mensal n. 19, de 17 de novembro de 2013) “Não se deve admitir que um padre vindo de fora seja visto como uma emergência, uma ajuda esporádica, ou, pior ainda, como um ‘tapa buracos” em tempo de penúria”. Esta questão foi levantada numa reunião dos padres coordenadores e os delegados pastorais do nosso Decanato. Que pensar disso?

            Estou consciente que se é padre não para si mas para os outros. Esta convicção faz com que me engaje diretamente na pastoral: catequese, preparação para a confirmação, pastoral da saúde (Capelania do Hospital, Evangelho para os doentes, Pastoral dos portadores de deficiências).

            Na preparação para a Confirmação, procuro trazer o meu tijolo na construção da fé. Não consigo fazer tudo, mas se eu padre e missionário não o faço, quem vai fazê-lo? Se nada fazemos, nada é feito. Estou convencido: Devo testemunhar minha fé para que as pessoas percebam o que creio: é pouco, mas já é alguma coisa. Estar com esses jovens me traz muitas alegrias. Mais recebo do que dou.

            Na pastoral da saúde, além das celebrações regulares no hospital, nas casas de acolhida das pessoas idosas, das que vivem sozinhas, doentes ou sofredoras, dos cuidadores de doentes, de auxiliares domésticos, encontro com muitas outras pessoas Estou contente com isso. Não são os sofrimentos dos doentes que me fazem feliz, compartilhando com eles, - guardadas as devidas distancias - mas o fato de estar com eles: “tudo o que fizerdes a um destes pequeninos” diz Jesus. Agradeço também a Deus pela qualidade dos serviços e atenção dispensada a essas pessoas doentes, com deficiências, e sofredoras. Olho para Madagascar e para outros países e rezo a Deus dizendo: que as pessoas idosas sejam mais amparadas por suas famílias.

            O testemunho não é meu, mas de minha Comunidade que me envia. Nada faço em meu nome. A missão é da Comunidade e não minha! Isto muda todo. Na Comunidade, como é importante de amparar-se na oração, corrigir-se fraternalmente, pois nem tudo é claro para mim que acabo de desembarcar. A partilha fraterna é um desafio permanente e indispensável, porque somos diferentes. Somos únicos, cada um com suas capacidades, fraquezas e limites. A diversidade é uma riqueza se soubermos aproveitá-la, mas pode tornar-se um estorvo enorme se nos fixarmos em nossas ideias.

            Depois de três anos passados na França, muita água correu debaixo da ponte. Minha adaptação à cultura francesa e minha integração na vida eclesial estão apenas começando... penso continuar. Não é fácil. Requer tempo. Dar tempo ao tempo. Mas tudo faço para que aconteça. Muitas informações nos são passadas seja pela Diocese, seja pela Província. Procuro seguí-las. Logo mais, com Dominique, teremos mais uma etapa da formação permanente: Nosso enraizamento na Igreja da França. Já abordamos temas sobre laicidade, ecologia e desenraizamento no Exilio. Muitos outros seguirão. Alegro-me em poder usufruir ao máximo todas estas oportunidades.

P. Jean-Théodore RANDRIAMAHENINA ms

 

TESTEMUNHO DO P. THEO NO ENCONTRO PROVINCIAL 31.12.2013

            Agradeço de coração ao P.Franz e seu Conselho pela confiança em mim depositada. Alegro-me por estar com vocês, e poder partilhar estas modestas experiências, como religioso-sacerdote, vivendo na Provincia saletina da França.

            No programa recebido consta o nome do P.Gilbert, como co-participante comigo deste momento. Como malgaxe, do que me ufano, respeito muito os idosos, sejam quem forem.  Ao P. Gilbert devo muito reconhecimento, pois foi ele quem me encaminhou para a escola Apostólica de Antsahasoa, em outubro de 1989. Eu tinha então 14 anos, e ele era Pároco da Paróquia de minha terra natal, Faratsiho. Essa Paróquia, fundada pelos missionários saletinos franceses é agora atendida pelos MS malgaxes. É assim fácil entender como e porque surgiu, desde pequeno, minha vocação. A Salette corre na minhas veias, integra meu DNA. Emiti meus primeiros votos no dia 19 de setembro de 1996, no fac-simile de Antsahasoa. Participei do PPP em 2002, e fiz meus votos perpétuos no mesmo ano, no dia 19 de setembro. Depois de minha ordenação sacerdotal, em 29 de julho de 2006, na catedral de Nossa Senhora da Salette  em Antsirabe, fui nomeado ecônomo do Escolasticado e Vigário paroquial da paróquia de Fenomanana, em Tananarivo, até 03 de outubro de 2010, dia de minha chegada a Nossa Senhora do Chêne na diocese Besançon.

            Com frequência, as pessoas me perguntam: Por que está aqui? Há sacerdotes sobrando em Madagascar?

            As perguntas são complexas, mas fáceis de responder. Quanto à primeira: Os Padres  Montfortianos, atenderam o Santuário de Nossa Senhora do Chêne durante 90 anos e não puderam dar continuidade e a obra ficou em abandono, a partir de 2006. Em 2007, nosso Provincial atendeu ao pedido do bispo da Diocese, e instalou no Santuário uma comunidade de Missionários de N. Sra. da Salette. Agora, a vida do santuário está bem animada. Quanto à segunda pergunta: não há padres sobrando em Madagascar, mas aqui faltam. É bem verdade que em Madagascar eles aumentam em numero clero jovem, mas ainda não é suficiente. Aqui eles são cada vez mais idosos e menos numerosos. Não conto os mortos (não condiz com a mentalidade malgaxe), mas depois três anos de minha presença na Diocese de Besançon, que é a que melhor conheço, houve muitos enterros de clérigos, mas um só nascimento. e uma única ordenação sacerdotal, por sinal de um saletino malgaxe, em 26 de junho de 2011. Estamos orgulhosos. O fato de vir para a França, não é uma troca de favores, como se costuma dizer, mas uma resposta a um chamado e dom gratuito... Os missionários saletinos evangelizaram a grande Ilha. Hoje ainda restam alguns...        

Vive-se a animação espiritual do Santuário primeiramente, nas e pelas celebrações diárias. Não estou sozinho nessas tarefas. Toda a Comunidade está comprometida. A cada um é atribuída alternadamente, a pregação, e estamos todos juntos para a celebração diária da Eucaristia depois de Laudes ou Vésperas. Pessoas de fora também participam de cada celebração. Nos domingos, todos os domingos, temos duas celebrações da Eucaristia, de manhã e à noite. Muitos moradores da região e também pessoas de passagem, participam da celebração. Durante o ano, acontecem 6 peregrinações, vindas de lugares diferentes.

            As atividades pastorais nas diferentes Unidades pastorais de nosso Decanato, também nos ocupam. No Chêne, não sobra tempo para o tédio.  Acontece que, aos domingos, celebrarmos duas ou três missas cada um. Celebrar a missa é indispensável, mas não é tudo.

            Sou padre a serviço (os outros também): nem pároco, nem vigário paroquial, nem coadjutor. Estar a serviço? Que significa? Todo padre está a serviço porque é e permanecerá diácono permanente. Estar a serviço é estar disponível. Para que não haja nossa Diocese refletiu-se sobre padres “vindos de fora” (assim somos chamados) Cito  (Eglise de Besançon, revista bi-mensal n. 19, de 17 de novembro de 2013) “Não se deve admitir que um padre vindo de fora seja visto como uma emergência, uma ajuda esporádica, ou, pior ainda, como um ‘tapa buracos” em tempo de penúria”. Esta questão foi levantada numa reunião dos padres coordenadores e os delegados pastorais do nosso Decanato. Que pensar disso?

            Estou consciente que se é padre não para si mas para os outros. Esta convicção faz com que me engaje diretamente na pastoral: catequese, preparação para a confirmação, pastoral da saúde (Capelania do Hospital, Evangelho para os doentes, Pastoral dos portadores de deficiências).

            Na preparação para a Confirmação, procuro trazer o meu tijolo na construção da fé. Não consigo fazer tudo, mas se eu padre e missionário não o faço, quem vai fazê-lo? Se nada fazemos, nada é feito. Estou convencido: Devo testemunhar minha fé para que as pessoas percebam o que creio: é pouco, mas já é alguma coisa. Estar com esses jovens me traz muitas alegrias. Mais recebo do que dou.

            Na pastoral da saúde, além das celebrações regulares no hospital, nas casas de acolhida das pessoas idosas, das que vivem sozinhas, doentes ou sofredoras, dos cuidadores de doentes, de auxiliares domésticos, encontro com muitas outras pessoas Estou contente com isso. Não são os sofrimentos dos doentes que me fazem feliz, compartilhando com eles, - guardadas as devidas distancias - mas o fato de estar com eles: “tudo o que fizerdes a um destes pequeninos” diz Jesus. Agradeço também a Deus pela qualidade dos serviços e atenção dispensada a essas pessoas doentes, com deficiências, e sofredoras. Olho para Madagascar e para outros países e rezo a Deus dizendo: que as pessoas idosas sejam mais amparadas por suas famílias.

            O testemunho não é meu, mas de minha Comunidade que me envia. Nada faço em meu nome. A missão é da Comunidade e não minha! Isto muda todo. Na Comunidade, como é importante de amparar-se na oração, corrigir-se fraternalmente, pois nem tudo é claro para mim que acabo de desembarcar. A partilha fraterna é um desafio permanente e indispensável, porque somos diferentes. Somos únicos, cada um com suas capacidades, fraquezas e limites. A diversidade é uma riqueza se soubermos aproveitá-la, mas pode tornar-se um estorvo enorme se nos fixarmos em nossas ideias.

            Depois de três anos passados na França, muita água  correu debaixo da ponte. Minha adaptação à cultura francesa e minha integração na vida eclesial estão apenas começando... penso continuar. Não é fácil. Requer tempo. Dar tempo ao tempo. Mas tudo faço para que aconteça. Muitas informações nos são passadas seja pela Diocese, seja pela Província. Procuro seguí-las. Logo mais, com Dominique, teremos mais uma etapa da formação permanente: Nosso enraizamento na Igreja da França. Já abordamos temas sobre laicidade, ecologia e desenraizamento no Exilio. Muitos outros seguirão. Alegro-me em poder usufruir ao máximo todas estas oportunidades.

P. Jean-Théodore RANDRIAMAHENINA ms

Go to top