“Bendito seja Jesus, que conosco estará além do altar”

Rio de Janeiro100 anos 2

 

É certo que humanamente falando, muitos irmãos do atual quadro dos religiosos saletinos não estejam vivos quando em 2064 o Santuário de Nossa Senhora da Salette do RJ completará 150 anos e em 2114 o seu segundo centenário...

Portanto, para nós que tivemos a graça de viver e celebrar o 1º centenário deste santuário, é momento de agradecimento e louvor. Mesmo estando em missão em outros estados e países, queremos fazer chegar nossa homenagem a todos vocês: religiosos e leigos deste Santuário.

Com todos os desafios de ser a segunda capital em população do nosso país, o Rio de Janeiro encanta e fascina o mundo. Mesmo conhecedores dos problemas do contexto urbano, não há quem não queira conhecer esta capital, com sua beleza ímpar, moldada pelas mãos do criador.

Existe outra beleza, que também vem das mãos do Criador: é o povo desta cidade, que carrega o seu jeito próprio de ser, confirmado no ditado popular: “sou carioca da gema, carioca da gema do ovo”...

Nesta cidade de tantas histórias e lutas, dos morros e favelas, do samba e da boemia, chegam oficialmente os Missionários Saletinos em 1912, depois de um período de discernimento e debates comunitários. Outros irmãos saletinos já escreveram muito bem os aspectos históricos desta nossa presença. Quero apenas neste momento, demonstrar nosso hino de gratidão a Deus, diante do gesto corajoso do Pe Moussier em adquirir o terreno no bairro do Catumbi e a fundação da Paróquia no dia 14 de abril de 1914.

A ardor missionário dos primeiros saletinos em nosso país, é a demonstração deste “Sopro Divino”, vento impetuoso que desinstala, envia e levou-nos ao bairro do Catumbi.

Quando os saletinos chegaram em São Paulo o bairro de Santana, era a região dos pobres e excluídos. Não foi diferente a realidade encontrada no Bairro do Catumbi. Passando rapidamente pela cidade do Rio de Janeiro dos anos de 1900, com seus oitocentos e onze mil habitantes chegamos ao Rio de Janeiro no contexto atual. Olhando o Catumbi do século 21 percebemos três realidades arquitetônicas bem visíveis: os casarões e pequenos prédios que expressam o Brasil Republicano, os morros com suas escadas e vielas e a “passarela do samba” projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1984.

Antes de chegar ao centenário deste santuário, vejamos alguns aspectos que aconteciam no mundo e nesta cidade e não deixaram deser grandes desafios àquela nova missão.

Quando foi criada a Paróquia, a Igreja Católica iniciava o pontificado de Bento XV, e o mundo enfrentava o início da 1ª Guerra Mundial (1914-1918).

As mulheres procuravam romper com o peso do patriarcalismo. Naquela época foi considerado um grande escândalo nacional a bela e jovem Nair de Tefé (musicista e cartunista), esposa do presidente da república Hermes da Fonseca, no baile do Catete, ao tocar ao violão o maxixe Corta jaca, de Chiquinha Gonzaga. Naquela época o violão era tido como instrumento de vagabundos e o maxixe uma dança um tanto quanto escandalosa, além de ter em sua raiz, as danças e cânticos dos escravos. Louro (Lourival de Carvalho) compõe Moleque vagabundo e lhe põe como genero “samba”.Na literatura Monteiro Lobato lança o artigo A Velha Praga, onde aparece pela primeira vez o personagem “Jeca Tatu”.O Rio de Janeiro é uma referência para o futebol. Em 1914 acontece o primeiro Fla X Flu.É criada depois a Federação Brasileira de Sports (depois CBD e hoje CBF). A nível político, as consequências da 1ª Guerra mundial o levou a aproveitar-se deste quadro para impulsionar a industrialização. No início da gestão de Wenceslau Braz, ocorreu a queda brutal das exportações, principalmente dos produtos agrícolas. O governo federal adotou uma política financeira austera, e foi responsável pela queima de três milhões de saca de café que estavam estocadas para evitar a queda nos preços do produto. Mais uma vez a política de valorização do café foi aplicada como desejavam as oligarquias cafeicultoras.

Voltando-se para a cidade do Rio de Janeiro, capital federal. Acontece nesse período um vigoroso crescimento do setor industrial. As pequenas oficinas e fábricas transformaram-se em grandes indústrias que produziam desde produtos têxteis até equipamentos e maquinários. As oligarquias agrárias, principalmente a poderosa classe dos cafeicultores que comandavam o aparelho de Estado e o Governo Federal, não tiveram condições de impedir ou frear a industrialização.

A expansão do setor industrial levou inevitavelmente ao crescimento da classe operária. Esse crescimento pode ser constatado ao observarmos que em 1880, o país contava com 54 mil operários; em 1920 esse número salta para 200 mil. No decorrer do processo de formação da classe operária no Brasil, surgem também as primeiras organizações trabalhistas e os líderes sindicais que começaram a atuar de forma mais combativa em defesa de reivindicações e interesses dos trabalhadores da indústria.

O surto industrial contribuía para o crescimento das vagas de emprego, mas as condições de trabalho nas fábricas eram absolutamente degradantes. As fábricas empregavam crianças, mulheres e homens que enfrentavam turnos de 14 a 16 horas por dia, não tinham salário mínimo nem remuneração no período de férias, e muito menos indenização por qualquer acidente de trabalho. Em tais condições, as greves começaram a ocorrer.

Nesta época, muitos operários foram presos e alguns líderes grevistas foram mortos. Embora tenham sofrido uma brutal repressão policial, e muitas de suas principais reivindicações não tenham sido atendidas, os movimentos grevistas deste período incentivaram uma maior organização da classe trabalhadora, de modo que nos anos seguintes surgiriam inúmeros sindicatos trabalhistas.

Fazendo a leitura a partir do nosso carisma, podemos dizer: os saletinos naquela época escolheram o lugar certo para nossa presença – o mundo urbano, no início da industrialização. Sem transportar as terminologias da teologia hoje, podemos afirmar que levando em conta ao jeito de ser Igreja daquele tempo, a construção deste santuário era uma resposta pastoral à sociedade industrial que ora se iniciava. Esta presença a cada década foi se confirmando, seja no apoio à Ação Católica Operária ou mesmo na época da Ditadura Militar quando foi alvo da desconfiança dos militares, de ser ali um local onde “escondia comunistas”...

Toda missão acontece de forma contextualizada, numa realidade concreta, marcada por conflitos e contradições – neste contexto nos inserimos neste bairro, com o nosso carisma da reconciliação.

Saíremos desta leitura histórica e chegaremos ao atual formato do Santuário, que começou como espaço para “cinquenta pessoas”. Olharemos o Rio de Janeiro do século 21, diante de uma cidade com seis milhões e trezentos mil habitantes. Este número ainda é maior se tomarmos a região metropolitana. Na rua Catumbi, no bairro que leva este mesmo nome, uma parcela deste povo está em festa para agradecer a Deus os 100 anos da criação do Santuário, desde a construção do pequeno tempo.

O Santuário de Nossa Senhora da Salette no Rio de Janeiro é portador de uma grande beleza: seu estilo gótico, seus vitrais, a harmonia das cores...

Neste ato de louvor, queremos agradecer a Deus algo que vai para além do altar, como diz o poeta Zé Vicente: “Bendito sejam os frutos da terra de Deus. Bendito sejam o trabalho e a nossa união. Bendito seja Jesus, que conosco estará além do altar”.

Nosso louvor será selado na mesa do altar e se prolongará para além do altar...

É momento de expressarmos nossa gratidão ao Povo de Deus. Povo de Fé, povo simples e acolhedor. Por onde  chegamos o povo nos acolhe, nos cerca de cuidados e carinhos!

Desde a pequena Igreja ao formato atual do Santuário, nosso louvor a Deus por todos os trabalhadores que ergueram cada parede, esculpiram as colunas... ergueram aquela torre tão esplendorosa...

Queridos Padres: Marcos Reis, Mário Prigol, Ático Fassini e Washington   – quis o Senhor Deus que neste ano jubilar vocês representassem a todos nós saletinos que há cem anos marcaram presença neste chão. Pelo ministério desta comunidade religiosa, nosso louvor a todos os religiosos (consagrados irmãos e padres) que dedicaram parte de sua vida neste Santuário. Alguns enfrentaram sérios problemas de saúde, muitos chegaram a falecer nesta missão. Este louvor estendemos ao Conselho Geral e Provincial de cada época, que deram seu apoio e acreditaram nesta missão.

Este Santuário Saletino, está no contexto da Arquidiocese do RJ a quem somos chamados a servir. Temos caminhado juntos desde a chegada dos saletinos, na pessoa do Cardeal Joaquim Arcoverde (1908) ao Cardeal Orani Tempesta, com todas as instâncias desta arquidiocese, com quem caminhamos na comunhão e participação.

Aos movimentos populares, a Ação Católica Operária, as rebeliões de ontem e de hoje, que foram nos convocando, como religiosos, ao nosso lugar social e exigindo nossa participação.

Como não lembrar da presença da Vida Religiosa feminina nesta missão... as irmãs que acompanharam os saletinos desde os primeiros contatos com esta arquidiocese às irmãs presentes nos morros. Recordamos a CRB Nacional que há anos teve sua sede nacional no bairro na Cinelândia e pudemos beber desta fonte e também contribuir em diversos serviços desta “nossa” entidade.

Amados irmãos saletinos da comunidade do Rio de Janeiro, a data oficial da comemoração deste jubileu coincidiu com um período com muitas atividades em nossa pastoral; estamos iniciando a Semana Santa. Em cada saletino presente nesta festa recebam nosso abraço de irmão... Que este abraço seja extensivo ao povo tão bom e acolhedor do Catumbi.

Esta semana vamos ter muito presente o texto do Evangelho de São João, de Maria ao pé da cruz (Jo 19, 25-27),este texto da nossa espiritualidade, nos inspire em sermos pessoas firmes e esperançosos, mesmo nos momentos desafiadores.

Historicamente as imagens da Salette são confeccionadas em três momentos: ela sentada chorando (imagem muito apreciada pelo povo); ela falando com os pastores e por fim ela subindo ao céu.

Convenço-me cada vez mais que é o momento pedirmos aos artistas que façam uma imagem de Nossa Senhora da Salette sorridente e feliz, com sorriso de dia de festa...bem alegre e contente. Creio que esta é a imagem que expressa a felicidade de Nossa Senhora neste jubileu.

Pe Marcos, Pe Mário, Pe Ático e Pe Washington, recebam de todo coração um abraço fraterno pela passagem do centenário do Santuário Nossa Senhora da Salette no Rio de Janeiro.

São Paulo, 13 de abril de 2014

Domingo de Ramos

 

Pe Edegard Silva Júnior

Missionário Saletino

 

“Bendito seja Jesus, que conosco estará além do altar”

Querida comunidade saletina no Rio de Janeiro:

É certo que humanamente falando, muitos irmãos do atual quadro dos religiosos saletinos não estejam vivos quando em 2064 o Santuário de Nossa Senhora da Salette do RJ completará 150 anos e em 2114 o seu segundo centenário...

Portanto, para nós que tivemos a graça de viver e celebrar o 1º centenário deste santuário, é momento de agradecimento e louvor. Mesmo estando em missão em outros estados e países, queremos fazer chegar nossa homenagem a todos vocês: religiosos e leigos deste Santuário.

Com todos os desafios de ser a segunda capital em população do nosso país, o Rio de Janeiro encanta e fascina o mundo. Mesmo conhecedores dos problemas do contexto urbano, não há quem não queira conhecer esta capital, com sua beleza ímpar, moldada pelas mãos do criador.

Existe outra beleza, que também vem das mãos do Criador: é o povo desta cidade, que carrega o seu jeito próprio de ser, confirmado no ditado popular: “sou carioca da gema, carioca da gema do ovo”...

Nesta cidade de tantas histórias e lutas, dos morros e favelas, do samba e da boemia, chegam oficialmente os Missionários Saletinos em 1912, depois de um período de discernimento e debates comunitários. Outros irmãos saletinos já escreveram muito bem os aspectos históricos desta nossa presença. Quero apenas neste momento, demonstrar nosso hino de gratidão a Deus, diante do gesto corajoso do Pe Moussier em adquirir o terreno no bairro do Catumbi e a fundação da Paróquia no dia 14 de abril de 1914.

A ardor missionário dos primeiros saletinos em nosso país, é a demonstração deste  “Sopro Divino”,  vento impetuoso que desinstala, envia e  levou-nos ao bairro do Catumbi.

Quando os saletinos chegaram em São Paulo o bairro de Santana,  era a região dos pobres e excluídos. Não foi diferente a realidade encontrada no Bairro do Catumbi. Passando rapidamente pela cidade do Rio de Janeiro dos anos de 1900, com seus oitocentos e onze mil habitantes chegamos ao Rio de Janeiro no contexto atual. Olhando o Catumbi do século 21 percebemos três realidades arquitetônicas bem visíveis: os casarões e pequenos prédios que expressam o Brasil Republicano, os morros com suas escadas e vielas e a “passarela do samba” projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1984.

Antes de chegar ao centenário deste santuário, vejamos alguns aspectos que aconteciam no mundo e nesta cidade e não deixaram deser grandes desafios àquela nova missão.

Quando foi criada a Paróquia, a Igreja Católica iniciava o pontificado de Bento XV, e o mundo enfrentava o início da 1ª Guerra Mundial (1914-1918).

As mulheres procuravam romper com o peso do patriarcalismo. Naquela época foi considerado um grande escândalo nacional a bela e jovem Nair de Tefé (musicista e cartunista), esposa do presidente da república Hermes da Fonseca, no baile do Catete, ao tocar ao violão o maxixe Corta jaca, de Chiquinha Gonzaga. Naquela época o violão era tido como instrumento de vagabundos e o maxixe uma dança um tanto quanto escandalosa, além de ter em sua raiz, as danças e cânticos dos escravos. Louro (Lourival de Carvalho) compõe Moleque vagabundo e lhe põe como genero “samba”.

Na literatura Monteiro Lobato lança o artigo A Velha Praga, onde aparece pela primeira vez o personagem “Jeca Tatu”.

O Rio de Janeiro é uma referência para o futebol. Em 1914 acontece o primeiro Fla X Flu. É criada depois a Federação Brasileira de Sports (depois CBD e hoje CBF).

A nível político, as consequências da 1ª Guerra mundial o levou a aproveitar-se deste quadro para impulsionar a industrialização. No início da gestão de Wenceslau Braz, ocorreu a queda brutal das exportações, principalmente dos produtos agrícolas. O governo federal adotou uma política financeira austera, e foi responsável pela queima de três milhões de saca de café que estavam estocadas para evitar a queda nos preços do produto. Mais uma vez a política de valorização do café foi aplicada como desejavam as oligarquias cafeicultoras.

Voltando-se para a cidade do Rio de Janeiro, capital federal. Acontece nesse período um vigoroso crescimento do setor industrial. As pequenas oficinas e fábricas transformaram-se em grandes indústrias que produziam desde produtos têxteis até equipamentos e maquinários. As oligarquias agrárias, principalmente a poderosa classe dos cafeicultores que comandavam o aparelho de Estado e o Governo Federal, não tiveram condições de impedir ou frear a industrialização.

A expansão do setor industrial levou inevitavelmente ao crescimento da classe operária. Esse crescimento pode ser constatado ao observarmos que em 1880, o país contava com 54 mil operários; em 1920 esse número salta para 200 mil. No decorrer do processo de formação da classe operária no Brasil, surgem também as primeiras organizações trabalhistas e os líderes sindicais que começaram a atuar de forma mais combativa em defesa de reivindicações e interesses dos trabalhadores da indústria.

O surto industrial contribuía para o crescimento das vagas de emprego, mas as condições de trabalho nas fábricas eram absolutamente degradantes. As fábricas empregavam crianças, mulheres e homens que enfrentavam turnos de 14 a 16 horas por dia, não tinham salário mínimo nem remuneração no período de férias, e muito menos indenização por qualquer acidente de trabalho. Em tais condições, as greves começaram a ocorrer.

Nesta época, muitos operários foram presos e alguns líderes grevistas foram mortos. Embora tenham sofrido uma brutal repressão policial, e muitas de suas principais reivindicações não tenham sido atendidas, os movimentos grevistas deste período incentivaram uma maior organização da classe trabalhadora, de modo que nos anos seguintes surgiriam inúmeros sindicatos trabalhistas.

Fazendo a leitura a partir do nosso carisma, podemos dizer: os saletinos naquela época escolheram o lugar certo para nossa presença – o mundo urbano, no início da industrialização. Sem transportar as terminologias da teologia hoje, podemos afirmar que levando em conta ao jeito de ser Igreja daquele tempo, a construção deste santuário era uma resposta pastoral à sociedade industrial que ora se iniciava. Esta presença a cada década foi se confirmando, seja no apoio à Ação Católica Operária ou mesmo na época da Ditadura Militar quando foi alvo da desconfiança dos militares, de ser ali um local onde “escondia comunistas”...

Toda missão acontece de forma contextualizada, numa realidade concreta, marcada por conflitos e contradições –  neste contexto  nos inserimos neste bairro, com o nosso carisma da reconciliação.

Saíremos desta leitura histórica e chegaremos ao atual formato do Santuário, que começou como espaço para “cinquenta pessoas”. Olharemos o Rio de Janeiro do século 21, diante de uma cidade com seis milhões e trezentos mil  habitantes. Este número ainda é maior se tomarmos a região metropolitana. Na rua Catumbi,  no bairro que leva este mesmo nome, uma parcela deste povo está em festa para agradecer a Deus os 100 anos da criação do Santuário, desde a construção do pequeno tempo.

O Santuário de Nossa Senhora da Salette no Rio de Janeiro é portador de uma grande beleza:  seu estilo gótico,  seus vitrais, a harmonia das cores...

Neste ato de louvor, queremos agradecer a Deus algo que vai para além do altar, como diz o poeta Zé Vicente: “Bendito sejam os frutos da terra de Deus. Bendito sejam o trabalho e a nossa união. Bendito seja Jesus, que conosco estará além do altar”.

Nosso louvor será selado na mesa do altar e se prolongará para além do altar...

É momento de expressarmos  nossa gratidão ao Povo de Deus. Povo de Fé, povo simples e acolhedor.  Por onde   chegamos o povo nos acolhe, nos cerca de cuidados e carinhos!

Desde a pequena Igreja ao formato atual do Santuário, nosso louvor a Deus por todos os trabalhadores que ergueram cada parede,  esculpiram as colunas...  ergueram aquela torre tão esplendorosa...

Queridos Padres: Marcos Reis, Mário Prigol, Ático Fassini e Washington   – quis o Senhor Deus que neste ano jubilar vocês representassem a todos nós saletinos que há cem anos marcaram presença neste chão. Pelo ministério desta comunidade religiosa, nosso louvor a todos os religiosos (consagrados irmãos e padres) que dedicaram parte de sua vida neste Santuário. Alguns enfrentaram sérios problemas de saúde, muitos chegaram a falecer nesta missão. Este louvor  estendemos ao Conselho Geral e Provincial de cada época, que deram seu apoio e acreditaram nesta missão.

Este Santuário Saletino, está no contexto da Arquidiocese do RJ a quem somos chamados a servir. Temos caminhado juntos desde a chegada dos saletinos, na pessoa do Cardeal Joaquim Arcoverde (1908) ao Cardeal Orani Tempesta, com todas as instâncias desta arquidiocese, com quem caminhamos na comunhão e participação.

Aos movimentos populares, a Ação Católica Operária, as rebeliões de ontem e de hoje, que foram nos convocando, como religiosos, ao nosso lugar social e exigindo nossa participação.

Como não lembrar da presença da Vida Religiosa feminina nesta missão... as irmãs que acompanharam os saletinos desde os primeiros contatos com esta arquidiocese às irmãs presentes nos morros. Recordamos a  CRB Nacional que há anos teve sua sede nacional no bairro na Cinelândia e pudemos beber desta fonte e também contribuir em diversos serviços desta “nossa” entidade.

Amados irmãos saletinos da comunidade do Rio de Janeiro, a data oficial da comemoração deste jubileu coincidiu com um período com muitas atividades em nossa pastoral; estamos iniciando a Semana Santa. Em cada saletino presente nesta festa recebam nosso abraço de irmão... Que este abraço seja extensivo ao povo tão bom e acolhedor do Catumbi.

Esta semana vamos ter muito presente o texto do Evangelho de São João, de Maria ao pé da cruz (Jo 19, 25-27),este texto da nossa espiritualidade, nos inspire em sermos pessoas firmes e esperançosos, mesmo nos momentos desafiadores.

Historicamente as imagens da Salette são confeccionadas em três momentos: ela sentada chorando (imagem muito apreciada pelo povo); ela falando com os pastores e por fim ela subindo ao céu.

Convenço-me cada vez mais que é o momento pedirmos aos artistas que façam uma imagem de Nossa Senhora da Salette sorridente e feliz, com  sorriso de dia de festa...bem alegre e contente.  Creio que esta é a imagem que expressa a felicidade de Nossa Senhora neste jubileu.

Pe Marcos, Pe Mário, Pe Ático e Pe Washington, recebam de todo coração um abraço fraterno pela passagem do centenário do Santuário Nossa Senhora da Salette no Rio de Janeiro.

São Paulo, 13 de abril de 2014

Domingo de Ramos

Pe Edegard Silva Júnior

Missionário Saletino



Um pouco de História
"Pois, bem, meus filhos, fazei-a passar a todo o meu povo!"
O conteúdo da mensagem de Maria aquando da aparição em La Salette, a 19 de Setembro de 1846, tem uma riqueza bastante profunda que engaja todo aquele que decidir lê-la, ouvi-la, interpreta-la, etc.
Destarte, quem põe em prática a mensagem de La Salette, anuncia sem fronteiras e parte para os recônditos do mundo, sem olhar pelas prementes dificuldades linguístico-culturais.
Maria, ao dizer: "fazei-a passar a todo o meu povo", mostrou a urgência que o seu povo tem de se reconciliar com Deus. O mandato de Maria é profundamente missionário, porque Missão é também ir mais longe possível anunciando a boa nova, neste caso é a boa nova da Reconciliação. A presença Saletina aqui em Angola, é fruto também deste mandato recebido pelos missionários suíços que decidiram apontar o barco para as terras de Angola. Aliás, a história de La Salette, em Angola não se pode abordar sem referência máxima aos Saletinos suíços que, com muitas dificuldades, trouxeram a linda mensagem da Reconciliação.
Foi, exactamente em 1946, aquando do centenário da aparição (1846-1946), que os missionários chegaram em Angola de um barco chamado Kwanza. Não conheciam o povo local, senão de ouvir-dizeres, não conheciam a cultura local, senão de ouvir-dizeres, não conheciam as línguas locais senão de alguns estilhaços do Português, e como senão bastasse tinham que se desenrascar nestas línguas sobretudo em umbundu. Ora bem, para quem está convicto de que deve anunciar a mensagem da Reconciliação todas estas dificuldades acima referidas não constituiram empecilhos. Lembremo-nos de que a própria mensagem foi transmitida em Francês e em Patois. Se os franceses tivessem medo do alemão, ou se os suíços tivessem medo do polaco, etc..... do italiano... do umbundu.. das línguas das índias...por aí além, a mensagem de Maria cairia por terra e seria como um fumo ténue que ondeia em horizonte.
Emílio Truffer, Rafael Meichtry, Eduardo Jud, João Baptista Damann, Otmar Schweizer, Justo Villiger, João Meier e Roberto Harder são os pioneiros da saletinidade em Angola.
De Bíblia na Bagagem, estes 8 missionários ficaram assim repartidos: 5 para a Missão da Ganda (Ndunde): Emílio Truffer, Rafael Meichtry, Eduardo Jud, João Damann e Otmar Schweizer; 3 para a Missão do Lukondo (Huíla): Justo Villiger, João Meier e Roberto Harder. A partir daí, começaram a desenvolver a sua actividade missionária, fundando novas missões e casas de formação, sendo a 1ª a de Nossa Senhora de La Salette (Tchindjendje), em 1947. Seguiram-se, depois, as do Kola (1952), Hanha (1954), Kalukembe (1962), Malongo (1964), Cubal (1965), Catumbela (1971), o Seminário Maior no Huambo (1978 – onde funcionou o Escolasticado e a Filosofia 1), e o seminário Médio em Benguela (1986). Em 1990 foi fundada a actual Casa Provincial na Catumbela. Ainda em 1990 marcávamos a presença saletina no Lubango, com o noviciado e cuidando da Paróquia de S.João Baptista, na Mapunda. De Salientar que por motivos de espaço, o noviciado mudou-se para Catumbela, no antigo Escolasticado onde funcionou por 3 anos lectivos. Por sinal foi só um regresso, porque antes do Noviciado ir para Lubango, já funcionava na Catumbela. Em 1999, foi fundado o Centro Saletino de Formação e Espiritualidade (CESAFE). Aí onde funciona o Noviciado ja desde de 1999, quando saiu novamente da Catumbela para Lubango. Em 2002, La Salette chagava no Namibe, cuidando da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima do Forte. Em 2008, pela primeira vez La Salette ao norte de Angola, concretamente na então Diocese e actual Arquidiocese de Malange, na Missão de Santa Ana, Mussolo (Kambundi-Katembo). Em 2011 chegamos a Luanda, concretamente em Viana. Em 2002, a mensagem saletina ultrapassava as fronteiras e instalava-se em Opuwo – Namíbia e em 2007 em Omuthiya–Namíbia.
Chegada de outros grupos.
Em 1946 chega o 1ºgrupo: Emílio Truffer, Rafael Meichtry, Eduardo Jud, João Baptista Damann, Otmar Schweizer, Justo Villiger, João Meier e Roberto Harder. Em 1947 chegou o 2º grupo dos missionários constituído por: Ernest Tremp para a Ganda e José Von Rickenbach para Tchindjendje. Em 1948 chegou o 3ºgrupo constituído por: Ir.Francisco Ruesch para Lukondo, o Pe.José Senn para a Ganda, oPe.Leão Sarbach para o Tchindjendje e Pe.Otto Balmer também para Tchindjendje. Em 1950 chega sozinho o Padre Leonardo Roos para Tchindjendje. Em 1954 chegam o Pe.Erwin Truffer para Kola e o Pe.José Oehri para a Hanha. Em 1955 chega Ir.Mrcelino Tschugmell para a Ganda. Em 1957 chegam os Padres Francisco Eggs para Tchindjendje e Beda Luís Keller para o Lukondo. Em 1958 chega o Pe. José Bögli para o Kola. Em 1963 chega o Pe.Sigfried Heiss para o Kola. Em 1964 chega o Ir.Arthur Kamber para o Tchindjendje e o Pe.Emílio Frick para o Kalukembe. Em 1967 chegam os Padres José Graf para Cubal e Leandro Volken para Tchindjendje. Em 1968 chegam o Ir.Beato Zumstein para Tchindjendje e o Pe.Viktor Andereggen para Kalukembe. Em 1970 chega o Pe.Bruno Jentsch para a Ganda. Muitos desses já morreram e poucos vivem. Vivem na Suiça os Padres Roberto Harder, Francisco Eggs, Pe.Viktor Andereggen. A semente lançada caiu em boa terra. O crescimento dos saletinos, em Angola, é de cem por um. Angola conta, assim, com quatro casas de formação segundo as várias etapas: Propedêutico, Filosofia, Noviciado e Juniorado (Escolasticado).
Deus abençoou a Província de Angola com muitas vocações. As estatísticas actuais mostram isto mesmo. Angola conta com mais de 90 membros, entre professos, irmãos e noviços. Há um número considerável de seminaristas, o que desenha um futuro riso para a Província e para a Congregação. Temos alguns confrades fora do País: França, Itália, Namíbia, Portugal, alguns trabalhando na Pastoral, outros estão em estudos de especializações em vários campos do saber e até no Conselho Geral, através do Secretário Geral, Pe.Belarmino Tchipundukwa.
Após à chegada dos missionários em 1946, formava-se, então, o Destrito, cujo Superior foi o Padre Emil Truffer, suíço de nacionalidade. A Região, como tal, foi formada em 1964. Seu primeiro Superior Regional foi o Padre Eduardo Jud e o primeiro Superior Regional angolano é o Padre Tarcísio Tchiheke.

Ordem dos Superiores Regionais
De 1946-1964 – Pe.Emil Truffer (suíço) – ainda como destrito. De 1964-1973 – Pe.Eduardo Jud (Suíço e 1º Superior Regional). De 1973-1988 – Pe.Emil Frick (suíço) De 1988-1996 – Pe.Tarcício Tchiheke (1ºSuperior Regional angolano). De 1996-2000 – Pe.Alberto Ilidio (angolano). De 2000-2006 – Pe.Pedro Tchingandu (angolano). De 2006-2012 – Pe.Venâncio Nunda (angolano). De 2013- Pe.Pedro Chingandu (Primeiro Superior Provincial).
O I Capítulo Provincial e histórico ocorreu de 07-11 de Janeiro de 2013 no Centro Saletino de Formação e Espiritualidade (CESAFE). O Capítulo foi animado pelo Conselho Geral através do Padre Silvano Marisa, Superior Geral e do Pe.Henryk Przeździecki, Conselheiro Geral. Este Capítulo elegeu o Primeiro Superior Provincial que é o Padre Pedro Chingandu.
Por Pe.António dos Santos Tchindau, MS


1. Por motivos de Guerra, o Seminário Maior (Filosofia e Teologia) mudou-se para Benguela. Em Benguela, a Filosofia funcionou, como funciona, no S.João. Aí parece ter encontrado raízes profundas pelo que já não voltará a Huambo. A última Assembleia Capitular Provincial, em Janeiro de 2013, decidiu a permanência da Filosofia em Benguela e a transferência do Propedêutico para o Huambo. Brevemente, será efectivado este Projecto. Por sua vez, a Teologia funcionou no antigo noviciado na Catumbela. Depois que terminou a Construção do novo Escolasticado, em 2010, no Cavaco, em Benguela, esta etapa de formação mudou-se para Benguela. O Escolasticado está definitivamente instalado em Benguela.

No sábado, 19 de setembro de 1846, uma "bela senhora" aparece a duas crianças, naturais de Corps, nos alpes franceses: Maximino Giraud, de onze anos, e Melânia Calvat, com quase quinze, que pastoreiam seus rebanhos numa pastagem alpina de La Salette, o monte Planeau, a 1.800 metros de altitude. No fundo de um valezinho, subitamente vêem um globo de fogo - "como se o sol tivesse caído lá". Dentro da deslumbrante luz distinguem uma senhora, sentada, cotovelos apoiados sobre os joelhos e o rosto escondido entre as mãos.
A bela senhora levanta-se e lhes diz em francês:

Vinde, meus filhos, não tenhais medo,
Aqui estou para vos contar uma grande novidade.

Dá alguns passos em direção a eles. Tanquilizados, Maximino e Melânia descem a ladeira: estão agora muito perto dela. A bela senhora não pára de chorar. É alta, e toda de luz. Está vestida como as senhoras da região: verstido longo, um grande avental sob medida, lenço cruzado e amarrado às costas, touca de camponesa. Uma corrente grande e achatada acompaha as bordas do lenço.
Outra corrente prende, sobre o peito, um grande crucifixo. Sob os braços da cruz, à esquerda do Cristo, um martelo; à direita, uma torquez. Do crucifixo emana toda a luz de que se compõe a aparição, luz que brilha em diadema sobre a fronte da bela senhora. Rosas coroam sua cabeça, orlam seu lenço, enfeitam seu calçado.

Eis o que a bela senhora diz aos dois pastores, primeiramente em francês:

Se meu povo não quer submeter-se,
sou forçada a deixar cair o braço de meu Filho.
É tão forte e tão pesado
que não posso mais segurá-lo.

Há quanto tempo sofro por vós!
Se quero que meu Filho não vos abandone,
sou incumbida de suplicá-lo sem cessar.
E quanto a vós, nem fazeis caso.

Por mais que rezeis, por mais que façais,
jamais podereis recompensar
a aflição que sofro por vós.

Dei-vos seis dias para trabalhar.
Reservei-me o sétimo,
e não mo querem conceder.
É isso que torna tão pesado o braço de meu Filho!
E também os carroceiros
não sabem jurar
sem usar o nome de meu Filho.
São essas as duas coisas
que tornam tão pesado o braço de meu Filho.

Se a colheita se estraga,
é só por vossa causa.
Eu vo-lo mostrei no ano passado
com as batatinhas:
Vós nem fizestes caso!
Ao contrário:
quando encontráveis batatinhas estragadas,
juráveis usando o nome de meu Filho.
Elas continuarão assim,
e neste ano, para o Natal, não haverá mais.

A palavra "batatinhas" deixa Melânia intrigada. No dialeto que é língua corrente na região, se diz "trufas". A pastora volta-se então para Maximino...mas a bela senhora se antecipa dizendo:

Não compreendeis, meus filhos?
Vou dizê-lo de outro modo.

E falando no dialeto de Corps, a bela senhora repete o que dizia a respeito da colheita, e prossegue:

Se tiverdes trigo, não se deve semeá-lo.
Tudo que semeardes será devorado pelos insetos,
e o que produzir se transformará em pó ao ser
malhado.

Virá uma grande fome.
Antes que a fome chegue,
as crianças menores de sete anos
serão acometidas de tremor e morrerão
nos braços das pessoas que as carregarem.
Os outros farão penitência pela fome.
As nozes caruncharão, as uvas apodrecerão.

Nesse ponto, a bela senhora confia um segredo a Maximino, e depois outro a Melânia. E prossegue seu discurso às crianças:

Se se converterem, as pedras e rochedos
se transformarão em montões de trigo,
e as batatinhas
serão semeadas nos roçados.
Fazeis bem vossa oração, meus filhos?

- "Não muito, Senhora!", confessam os dois pastores.

Ah! meus filhos, é preciso fazê-la bem, à noite e de manhã,
dizendo ao menos um Pai Nosso e uma Ave
Maria quando não puderdes fazer melhor.
Quando puderdes fazer melhor, dizei mais.

Durante o verão, só algumas mulheres de certa
idade vão à Missa.
os outros trabalham no domingo, durante todo
o verão.
Durante o inverno, quando não sabem o que
fazer, só vão à Missa para zombar da religião.
Durante a Quaresma vão ao açougue como cães.
Nunca vistes trigo estragado, meus filhos?

- "Não, Senhora!", respondem eles.

a bela senhora dirige-se então a Maximino:

Mas tu, meu filho, tu deves tê-lo visto
uma vez, em Coin, com teu pai.
O dono da roça disse a teu pai
que fosse ver seu trigo estragado.
E então, fostes ambos até lá,
apanhastes duas ou três espigas entre as mãos,
e, amarrotando-as, tudo caiu em pó.
Ao voltardes, quando não estáveis mais
do que a meia hora longe de Corps.
teu pai te deu um pedaço de pão
dizendo-te: "Toma, meu filho,
come pão ainda neste ano,
pois não sei quem dele comerá no ano próximo,
se o trigo continuar assim!"

- "Ah! sim, Senhora, responde Maximino, agora lembro. Há pouco não lembrava disso".
E a bela senhora conclui, não em dialeto, mas em francês:

Pois bem, meus filhos,
transmitireis isso a todo o meu povo.

Avança então, passa além do regato e, sem voltar-se insiste:

Vamos, meus filhos,
Transmiti isso a todo o meu povo.

A aparição galga uma ladeira sinousa que sobe em direção ao Collet (pequena garganta). Lá ela se eleva. As crianças dela se aproximam, Ela olha para o céu, depois para a terra. Voltada para o sudoeste, "ela se derrete na luz". E o clarão todo desaparece...

A 19 de setembro de 1851, depois de "exame exato e rigoroso" a respeito do evento, das testemunhas, do conteúdo da mensagem e de sua repercussão, Dom Philibert de Bruillard, Bispo de Grenoble, afirma, em pronunciamento doutrinal, que "a aparição da Virgem Santa a dois pastores, a 19 de setembro de 1846, sobre uma montanha da cadoia dos Alpes, situada na paróquia de La Salette,...traz em si mesma todas as características da verdade e que os fiéis têm razão em crê-la indubitável e certa".

A 1 de maio de 1852, em novo pronunciamento, depois de anunciar a construção de um Santuário sobre a montanha da aparição, o Bispo acrescentava: - "Por mais importante que seja a construção de um Santuário, há outra coisa mais importante ainda: são os ministros da Religião destinados a nele servir, a acolher os piedosos peregrinos, a lhes anunciar a palavra de Deus, a desempenhar em seu favor o ministério da reconciliação, a lhes ministrar o auguato sacramento de nossos altares, e a ser, para todos, OS DISPENSADORES FIÉIS DOS MISTÉRIOS DE DEUS e dos tesouros espirtuais da Igreja".

"Estes saccerdotes serão chamados Missionários de Nossa Senhora da Salette; sua criação e sua existência serão, bem como o próprio Santuário, uma perpétua lembrança da aparição misericordiosa de Maria".

Entre os sacerdotes que se impregnam do espírito da aparição, e se entregam ao serviço dos peregrimos, manifestam-se, desde o início, o apelo e a necessidade da vida religiosa. A 2 de fevereiro de 1858, seis dentre eles pronunciam os primeiros votos, segundo a regra provisória. Esta será adatada para os irmãos, em 1862: uns e outros formam uma só família religiosa. O primeiro Capítulo Geral, em 1876, elabora as Constituições e orienta a Congregação para o apostolado. O decreto "de louvor" (1879) e o decreto "de aprovação" (1890) situam o Instituto entre as congragações de direito pontifício. A Santa Sé aprova definitivamente as Constituições em 1926.

Enfin, nesses últimos anos, nossa família religiosa se entregou à tarefa de rever e atualizar suas Constituições e suas Normas Capitulares, segundo o espírito do Concílio Vaticano II e segundo as exortações e diretivas pontifícias para a renovação da vida religiosa no mundo de nosso tempo. Esse trabalho é fruto da oração e meditação, da fidelidade e experiência das comunidades e religiosos de todas as Províncias. Eis aqui então, as Constituições dos Missionários de Nossa Senhora da Salette e as Normas Capitulares. Elas são o instrumento pelo qual o Espírito, que anima a lgerja, nos chama, dia a dia, à prefeição da caridade no Cristo, ao serviço de todo o seu povo, para a glória do Pai.

 
1846 19 de setembro: APARIÇÃO de Maria em La Salette. 20 de setembro: Primeira relato escrito da Mensagem de Nossa Senhora (Relatório Pra). No inverno, a fome iniciada em 1845, dizima a França e a 1847 Campanhas na imprensa. Grandes relatos (Lagier, Bez, Long, Lambert... ). 
A 19 de setembro: ao menos 30 mil peregrinos na Santa Montanha. Oito reuniões de análise do fato de La Salette, no Bispado de Grenoble, em novembro-dezembro.
1848 Revolução na França, revoltas na Europa.
1849 Somam 15 mil os peregrinos inscritos na Confraria de Nossa Senhora Reconciliadora de La Salette.
1850 A 25 de setembro, Maximino se encontra com o Cura d'Ars (cfr. Stern, La Salette 3, p. 10).
1851 O caso dos segredos (cfr. Stern, La Salette 3, p.25). Mandamento de Dom de Bruillard datado de 19 de setembro. A aparição é autêntica, o culto autorizado, uma igreja será construída.
1852 Novo mandamento: a 25 de maio, é posta a primeira pedra da construção do Santuário, é criada uma equipe de missionários diocesanos: os Missionários de Nossa Senhora da Salette.
1854 Mandamento de Dom Ginoulhiac, confirmando as decisões de Dom de Bruillard, e refutando as objeções dos oposi-tores.
1858 A 2 de fevereiro, os Padres Archier, Berlioz, Albertin, Bossan, Buisson e Petit pronunciam seus primeiros votos, na capela do Bispado.
1860 O Pe. Silvano Maria Giraud pronuncia seus primeiros votos, Missionário e escritor espiritual, é nomeado mestre dos novi-ços.
1865 O Pe. Giraud eleito superior geral, trabalha para criar um verdadeiro espírito religioso na comunidade. Funda «Les Annales de Notre Dame de La Salette».
1869, 70,71 Concílio Vaticano I. Guerra Franco-Alemã. Comuna de Paris.
1875 Maximino Giraud morre em Corps, a 1º de março.
1876 Dom Fava pede à comunidade que elabore novas Consti-tuições, votadas ponto por ponto. Pe. Archier é eleito Supe-rior Geral. O Pe. João Berthier funda a Escola Apóstolica.
1878 Leão XIII convida Dom Fava e o Pe. Henrique Berthier a fazer aprovar as Constituições pela autoridade romana.
1879 Primeiros votos perpétuos dos Padres Archier, Buisson, Henrique e João Berthier, Perrin e Chapuy. A missão na Noruega é confiada por dez anos aos Missionários de N. Sra. da Salette. A 18 de abril o Instituto é reconhecido como de direito romano. A 20 e 21 de agosto, coroação de Nossa Senhora da Salette e consagração da Basílica.
1880 Partida para a Noruega (dois padres, dois irmãos, sete estudantes de teologia). Na França, leis contra as Congrega-ções.
1881 Leis sobre as escolas. O escolasticado vai a Suissa.
1892 Os Padres Pajot e Vignon vão a Hartford (Connecticut). É o começo da expansão na América do Norte.
1896 O escolasticado em Roma. No período de 20 anos se passou de 11 a 150 religiosos.
1899 Os saletinos franceses em Madagascar e no Oeste do Canadá Saskathewan).
1901 Lei sobre as associações. O Conselho Geral opta pelo exílio (Tournai).
1902 A Administração Geral na Suissa, depois na Itália (Salmata). Os cinco primeiros saletinos na Polônia (Cracóvia). O Pe. Clemente Moussier parte dos Estados Unidos para o Brasil.
1904 Morte de Melânia Calvat em Altamura (Bari, Itália).
1905 Lei da separação entre Igreja e Estado na França.
1914,18 Primeira Guerra Mundial. Os religiosos franceses podem retornar à França.
1923 Padres americanos se juntam aos padres franceses em Madagascar (Antsirabé), em vista da missão de Sakalavie (Costa Oeste).
1926 Aprovação definitiva das Constituições.
1934 Primeira divisão em Províncias: França, Polônia, Estados Unidos, Brasil.
1936 Os saletinos na Argentina (primeiro da Polônia, depois dos Estados Unidos).
1937 A Província de Hartford funda a missão de Arakan, na Birmânia, missão duramente provada quando da invasão japonesa, e depois interrompida por uma perseguição legal.
1938 Os saletinos da Suissa e Liechtenstein se tornam Província.
1939,45 Segunda Guerra Mundial.
1943 Dom Caillot convoca os Missionários de La Salette ao Santuário, berço e casamãe da Congregação.
1945 Nos Estados Unidos uma nova Província: Attleboro.
1946 Angola: os saletinos suissos em missão. Centenário da Aparição. Congresso Marial em Grenoble - La Salette.
1948 Filipinas, missão aberta pelos saletinos de Attleboro.
1957 Fundação da obra da Espanha (Pe. Imhof).
1961 Terceira Província nos Estados Unidos, com sede em St. Louis, Missouri.
1962 Concilio Vaticano II. As obras na Itália se tornam a Província de Maria
1967 Quarta Província nos Estados Unidos (Olivet. depois Milwaukee, Wisconsin).
1982 Filipinas se tornam Província, Antsirabé, Madagascar, também.
1985 Aprovação das Constituiçôes atualizadas após o Vaticano II.
1988 Em Madagascar, uma só Província para toda a Ilha. Os padres indianos, formados nas Filipinas, abrem a missão de Kerala (India).
1990 A Província da Polônia procura implantar-se no Leste da Ale-manha, na Eslováquia, na Ucránia, na Bielorússia.
1991 Noviciado comum para os noviços da América do Sul em Cochabamba, Bolivia.
1995, 96 Um ano de celebrações, pelo mundo afora, por ocasião do 150º Aniversário da Aparição de Nossa Senhora em La Salette.
2000 As quatro províncias da América do Norte (Attleboro, Hartford, Milwaukee e St. Louis) se unem em uma só Província: "Maria, mãe da América".
2001 A obra na Índia torna-se Região.
2002 150° aniversário da Carta Pastoral de Dom Philibert de Bruillard (1852) que anunciava a instituição dos "Missionários de Nossa Senhora da Salette".
2006 A Região da Índia torna-se Província.
2007 A Região da Angola funda uma missão na Namíbia.
2010 Primeiro Encontro Internacional de Leigos Saletinos - Santuário da Salette - França (1 a 10 de setembro).
2012 A Região da Angola torna-se Província.
2012 Unificação da Suíça e da Polônia em uma só Província.
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