JUSTIÇA E PAZ: PARTE INTEGRANTE DA NOSSA MISSÃO
A Escola de Justiça e Paz
Os Missionários Saletinos realizaram em 2011 em Córdoba (Argentina), um encontro internacional sobre Justiça e Paz. Naquela ocasião percebemos como a realidade de cada país presente, era marcada pela violação dos direitos humanos, por relações econômicas injustas, por guerras políticas e religiosas e pela destruição do meio ambiente.
Esta realidade fere o plano de Deus e nos distancia do Seu sonho, que é um mundo reconciliado, onde "justiça e paz se abraçarão" (Sl 85).
O tema da Justiça e Paz tem sido uma constante preocupação dos cristãos. Prova disso é a realização da 10ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas, que será realizada neste mês de outubro (30/10 a 8/11), em Busan, Coreia do Sul.
"Deus da Vida, guia-nos à justiça e à paz". O tema expressa uma das mais destacadas demandas do tempo em que vivemos: justiça com paz e paz com justiça, fontes de vida, vontade de Deus.
Justiça e Paz na missão dos Saletinos
Nossa constituição no capítulo que trata da vida apostólica, assegura que faz parte da nossa missão, "empenharmos nossos esforços na luta contra os males que, hoje, comprometem o desígnio salvífico de Deus e a dignidade da pessoa humana" (RV, Cap IV, artigo 23).
Nós Saletinos, sempre estivemos envolvidos com as causas sociais e com a defesa dos direitos humanos. Existe a nível da congregação, uma comissão de Justiça e Paz que procura incentivar as diversas províncias nesta missão.
Por ocasião do Capítulo Geral dos Saletinos, realizado nos Estados Unidos, em abril de 2012, assumiu-se como uma das prioridades a escola de Justiça e Paz. Neste Capítulo enquanto Congregação, reafirmou-se esta proposta descrita na Decisão número 08:
JUSTIÇA E PAZ: PARTE INTEGRANTE DA NOSSA MISSÃO
"Há uma profunda sintonia entre a Palavra de Deus a "Justiça e Paz". Tal convicção vem sendo proclamada pela Igreja desde a Rerum Novarum do Papa Leão 13.
A mesma sintonia nós encontramos na Mensagem de Maria em Salette e nos documentos das Conferências Episcopais de cada Continente. Ela é ainda mais evidente em Jesus: "Ele, embora fosse rico, se tornou pobre por causa de vós"(2 Cor 8,9). Seu exemplo nos convida a ser uma Igreja Samaritana (Lc 10,25), sempre pronta a estar a serviço dos sofredores de hoje.
A reconciliação nos lança a trabalhar pela causa da Justiça e Paz, pelo respeito à dignidade da pessoa humana e pela proteção da vida onde ela corre risco. "Nós devemos trabalhar para gestar um mundo sustentável, capaz de respeitar a natureza, os direitos universais do ser humano, a justiça econômica e a cultura da paz" (Carta da terra)."
Para por em prática esta decisão, a Província saletina brasileira procurou dar os primeiros passos e elaborou um projeto de formação denominado ESCOLA DE JUSTIÇA E PAZ.
Estamos iniciando a segunda turma, com trinta e três participantes. Destes: 05 religiosas enviadas pela CRB, 15 pessoas que tomaram conhecimento da escola e tiveram interesse na proposta e 11 estudantes saletinos que se inscreveram a pedido do Conselho Provincial e 02 leigos das nossas paróquias (RJ, SP).
Durante dez dias, numa dinâmica participativa que inclui palestras, filmes, debates, celebrações, vamos discutir alguns temas que contribuem para nossa missão na construção da cultura da paz.
A escola tem como objetivo contribuir com a formação dos Agentes de Pastoral (leigos/leigas,religiosos/as), por meio de interpretações dos fenômenos de violação de direitos e dos ciclos geradores de violência, bem como com interpretações de iniciativas da sociedade civil e do estado, no Brasil e no mundo, para a construção de uma cultura de paz, à luz de uma hermenêutica teológica que alimente uma fé libertadora e engajada. A Escola de Justiça e Paz quer ser um espaço para formar/reafirmar uma prática que defenda a cultura da paz e ao mesmo tempo comprometer os Missionários Saletinos no seu carisma da reconciliação na defesa da justiça e da paz.
De forma sintética apresentamos a grade curricular da escola, reunindo uma equipe excelente de assessores: três advogados, dois teólogos, um psicanalista, dois sociólogos e dois pastoralistas.Todas estas pessoas envolvidas com o movimento popular ou pastorais sociais.
No primeiro dia vamos trabalhar a metodologia e objetivo da escola, além de técnicas de entrosamento. Ainda neste dia, teremos a reflexão sobre a violência na dimensão antropológica e psicológica.
No segundo dia vamos dedicar ao aprofundamento da realidade da juventude, sobretudo analisar os dados sobre o extermínio de jovens no Brasil.
No terceiro dia teremos os fundamentos bíblicos em favor da Justiça e da Paz. Na parte da tarde vamos debater a questão da intolerância religiosa.
Domingo, segunda e terça – duas advogadas envolvidas com o movimento social vão trabalhar os seguintes temas: violência de gênero, violência fundiária, justiça restaurativa, Violência doméstica, cyberviolência, violência em meio escolar e ainda neste bloco, os Direitos humanos e a construção da Justiça e da paz.
No dia 17 de outubro dois assessores vão desenvolver os seguintes temas: Leitura das raízes da violência e nossa ação na construção da cultura da paz através da cidadania ativa.
Na sexta feira, teremos o dia inteiro dedicado à reflexão sobre o tráfico de pessoas. Consideramos muito importante aprofundar esta situação, que será o tema da Campanha da Fraternidade de 2014.
No sábado vamos fazer a avaliação da escola, a carta de compromisso, a festa com a entrega do certificado. No domingo celebraremos a Eucaristia e colocaremos junto com o Pão e o Vinho – Corpo e sangue do Senhor, nosso desejo de sermos construtores da Paz.
Toda esta programação é dinamizada com cantos, trabalho em grupo, celebrações e momentos de convivência.
Esta é nossa primeira partilha da escola que acontecerá de 10 a 20 de outubro, na Comunidade Taizé, na Casa de acolhida Mombitaba. Acreditamos que abraçar o carisma da reconciliação é comprometer-se com o advento de uma sociedade justa e fraterna, onde a paz não seja uma palavra vã.
Aguardem novas notícias da escola no decorrer da semana.
Saudações de Paz! Pe Edegard Silva Júnior,ms
Coordenador da Escola